quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Política especial para nanotecnologia vai estimular aplicação da pesquisa na indústria

Esforço conjunto de oito ministérios caminha para a edição de portaria que vai criar um conselho consultivo para definir as diretrizes do governo para a nanotecnologia, como é conhecida a capacidade tecnológica de manipular a matéria de tamanho atômico, de 1 a 100 nanômetros - cada nanômetro tem um milionésimo de milímetro, ou seja, uma unidade 10 mil vezes menor que o diâmetro do fio de cabelo.

A intenção do governo é estimular a pesquisa básica, a pesquisa aplicada na indústria e o desenvolvimento de materiais em diversos ramos de atividade produtiva, como a indústria têxtil, eletrônica, farmacêutica, de cosméticos e de plástico, além de agricultura e produção de energia.

O conselho consultivo vai arbitrar sobre a proposta que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) deverá fechar até março para o segmento. Segundo a Estratégia Nacional do MCTI, lançada no ano passado, a proposta tratará da formação de pesquisadores e da infraestrutura dos laboratórios de pesquisa; criará políticas para aumentar o número de empresas que desenvolvem nanotecnologia; e estabelecerá parâmetros para a cooperação internacional.

Além disso, a estratégia prevê a criação do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanociências e Nanotecnologias (SisNano) para aumentar a interação entre os pesquisadores. "É preocupação do atual ministro [Marco Antonio Raupp] nós estabelecermos uma governança do sistema", revela o físico Adalberto Fazzio, coordenador-geral de Micro e Nanotecnologias da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI.

Segundo ele, o desenvolvimento industrial do País depende de pesquisa e investimento em nanotecnologia. "Se nós queremos inovação, se queremos uma indústria de manufaturados forte, temos que ter uma tecnologia forte. Hoje, isso passa por ter a nanotecnologia", defendeu em entrevista.

O MCTI conta com 16 institutos nacionais de ciência e tecnologia (INCTs) dedicados a estudos de nanotecnologia, o que representa cerca de 13% dos INCTs, além de mais dez unidades de pesquisa atuando na área. De acordo com o Panorama da Nanotecnologia, publicado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Indústria (ABDI), 2.242 pesquisadores brasileiros escreveram 833 artigos científicos entre 2005 e 2008 a respeito do assunto; e quase 70% dos artigos são de pesquisadores vinculados a universidades e institutos de pesquisa de São Paulo, sendo 204 artigos da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Fazzio, os pesquisadores "estão sedentos por interagir com as empresas". A intenção do MCTI é aportar investimentos na melhoria e aquisição de equipamentos para os laboratórios dos institutos e universidade, e estimular parcerias com empresas que buscam inovação em nanotecnologia.

A disposição do governo é bem vista na indústria. Para o diretor de Assuntos Industriais da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcelo Kós Silveira Campos, a política de nanotecnologia "deve envolver o desenvolvimento tecnológico e também focar o mercado". Ele espera que a iniciativa resulte na elaboração de um marco regulatório para pesquisa e uso de nanotecnologias. Ainda são pouco conhecidos os riscos potenciais à saúde humana e animal e ao meio ambiente com o desenvolvimento das nanotecnologias.

Ele lembra que o País ocupa uma posição pouco expressiva no desenvolvimento de nanotecnologias. "Há distâncias no País entre o desenvolvimento científico e o passo seguinte necessário para transformar isso em alguma funcionalidade e depois transformar em inovação", lembra.

Mais de 600 empresas informaram desenvolver atividades relacionadas à nanotecnologia à Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), feita pelo IBGE em 2008. Conforme a ABDI, o Brasil é o 25º país no ranking mundial de nanotecnologia. "Observa-se um reduzido número de empresas que incorporam nanotecnologias em seus produtos ou processos ou que fabricam nanomateriais [...] Esse fato tem forte relação com a posição pouco expressiva do Brasil em relação ao seu portfólio de patentes", descreve a ABDI na publicação 'Panorama da Nanotecnologia'.

Fonte: Jornal da Ciência 8 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O instituto de Pesquisas Tecnologicas investe em ramo recente da Ciência

No segundo semestre, a estatal pretende inaugurar oficialmente seu primeiro laboratório de bionanotecnologia.


Quando uma empresa de tecnologia perde a corrida por um segmento de mercado, uma estratégia que pode adotar para retomar a dianteira é investir em uma área nova e com poucos competidores. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), estatal vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, decidiu adotar essa estratégia para atrair mais parcerias e reforçar sua receita anual, de R$ 200 milhões em 2011.

No segundo semestre, a estatal pretende inaugurar oficialmente seu primeiro laboratório de bionanotecnologia - um ramo da ciência que começou a ganhar ímpeto no mundo em 2010 e tem um potencial de geração de receita global de US$ 2 trilhões a US$ 3 trilhões por ano. "Nossa estratégia consiste em entrar em uma área nova no mundo inteiro, com pouca concorrência, para acelerar o processo de inovação no País", afirma João Fernando Gomes de Oliveira, presidente do IPT.

O executivo afirma que já firmou contratos com companhias privadas, avaliados entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões no total, para desenvolver pesquisas. A expectativa é chegar a R$ 10 milhões em contratos até o fim do ano e atrair investimentos de R$ 45 milhões a R$ 47 milhões em cinco anos. Entre as empresas com projetos na área de bionanotecnologia com o IPT estão Oxiteno, pertencente ao Grupo Ultra, Vale, Petrobras e Raízen, joint venture formada pela Cosan e a anglo-holandesa Shell.

As pesquisas serão realizadas sempre com três fontes de recursos, divididas de forma igualitária: investimento de empresa privada, subvenção do governo e recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). As empresas e estatais deverão compartilhar a gestão das patentes geradas a partir das pesquisas.

No foco do IPT estão pesquisas que preveem o uso da bionanotecnologia nas áreas de energia, química, petroquímica e farmacologia. O foco de trabalho é bastante específico: o interesse do IPT é unir os conhecimentos de nanotecnologia e de biotecnologia para desenvolver novos processos de produção industrial. E produzir em larga escala dispositivos e equipamentos para as indústrias interessadas em adotar esses novos processos. "Como são procedimentos novos, as indústrias não encontram equipamentos no mercado", afirma Oliveira.

Para montar o laboratório, o IPT investiu R$ 46 milhões em dois anos - R$ 21 milhões foram usados na construção de um prédio novo no IPT, com 8 mil metros quadrados de área. A obra ficou a cargo da Esquadro Construtora, vencedora da licitação. Os outros R$ 25 milhões vêm sendo usados na aquisição de equipamentos.

O IPT também recebeu autorização do governo estadual para contratar por concurso público 250 profissionais, sendo 100 pesquisadores com experiência na área de bionanotecnologia. Do total de pesquisadores aprovados, 60 já foram contratados. A expectativa é de que o restante seja incorporado no segundo semestre, quando a nova unidade estiver pronta para operar.

O laboratório representa um ponto de virada na história recente do IPT. O Instituto foi fundado em 1899, com o foco no desenvolvimento de pesquisas voltadas ao aprimoramento industrial. Na década passada, a estatal passou por momentos difíceis, recebendo investimentos mínimos do governo estadual (R$ 2 milhões a R$ 5 milhões ao ano) e sem contratações.

No fim da década, o IPT desenvolveu um plano de metas para revitalizar a área de pesquisas e atrair mais parcerias com empresas privadas e reforçar seu caixa. O plano foi submetido aos governos estadual e federal e, em 2009, a estatal recebeu um investimento de R$ 100 milhões, sendo R$ 57 milhões do governo do Estado de São Paulo e R$ 43 milhões do BNDES.

Os recursos foram usados na construção de três laboratórios, incluindo o de bionanotecnologia, e em reformas em 19 unidades. O orçamento anual do IPT é de R$ 200 milhões, sendo R$ 100 milhões obtidos com a prestação de serviços a empresas. Verbas de governo representam a outra metade. Por ano, o Instituto atende a uma média de 3,5 mil companhias de todos os segmentos industriais.

Fonte: Jornal Valor Econômico, Jornal da Ciência de 3 de fevereiro de 2012.

Brasil contabiliza mais de 180 pedidos de patentes em nanobiotecnologia

Estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) apontou que entre 2000 e 2008 foram contabilizados 186 pedidos de patentes publicados no Brasil em nanobiotecnologia.


De acordo com o relatório, as solicitações realizadas no País são, em sua maioria, de origem estadunidense. Trata-se da publicação "Cenário mundial do patenteamento em nanobiotecnologia de 2000 a 2008", que identifica os principais depositantes dos pedidos de patentes na área. O relatório traz também a distribuição de suas nacionalidades, o que permitiu avaliar o percentual de participação dos países em relação a depósito de documentos de patente em nanobiotecnologia no mundo.

A ideia é mostrar a evolução da nanobiotecnologia, a partir de documentos de patente publicados na área, além de fornecer informações singulares que potencialmente podem subsidiar as pesquisas em andamento no País, bem como a política científica e tecnológica no setor.

De acordo com a publicação, a maioria dos pedidos publicados no INPI é dos Estados Unidos, com 30% de participação, seguidos pela França, com 16%. O Brasil responde por 15%. Ainda segundo o estudo, 53% dos depositantes de pedidos têm natureza jurídica. Universidades respondem por 24% do total; pessoa física por 19%; e órgãos do governo por 4%.

Fonte: Abipti, Jornal da Ciência de 31 de Janeiro de 2012.

Prazo de Registro de patentes cai para cinco anos

A queda chegou a quase 50% em dois anos e foi obtida com a conclusão da informatização dos processos, mas o órgão esbarra agora na falta de pessoal para atingir em 2015 a meta de quatro anos, compatível com padrões internacionais.


O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) reduziu de oito para cinco anos o tempo estimado de tramitação de pedidos de patentes depositados a partir de 2011. A redução foi a mais significativa obtida pelo INPI desde o início de sua reformulação para aperfeiçoar a proteção dos diretos sobre produtos e processos criados por empresas e pesquisadores e incentivar a elevação dos investimentos em inovação no setor privado. Em 2008, o prazo médio estimado para um depósito de patente era de 10,3 anos, mantido em 2009 (10,2). Em 2010, o indicador caiu para 8,3 e terminou o ano passado em 5,4.

Em entrevista ao Estado, o presidente do INPI, Jorge Ávila, disse que o órgão praticamente esgotou os ganhos de produtividade possíveis com automação e a reorganização das divisões técnicas especializadas, que aumentaram de 6 para 20 em 6 anos. Isso permitiu a identificação e arquivamento de cerca de 30 mil processos inadimplentes ou com documentação falha, reduzindo a fila, que não para de aumentar. Cerca de 160 mil ainda aguardam a patente do INPI.

"Ganhamos produtividade ao equacionar a fila de pedidos usando racionalização e informatização, mas agora só conseguiremos reduzir significativamente os prazos com mais examinadores", disse Ávila.

"Quatro anos é um prazo compatível com as melhores práticas internacionais para garantir análise confiável e dar segurança às empresas para desenvolver o produto de suas tecnologias." O INPI espera ficar fora da tesoura do Orçamento para realizar ainda este ano novos concursos e ampliar o quadro atual, de 273 examinadores. Ávila não detalha os números, mas o quadro considerado ideal seria de 700 para atender o crescimento da atividade de inovação que a política industrial do governo quer incentivar, inclusive a atraindo centros de pesquisa de multinacionais.

Os depósitos já têm crescido cerca de 10% ao ano. Em 2011, o INPI recebeu mais de 30 mil pedidos de patentes. A demora impede que inovações setor nem negócios o quanto antes. O escritório americano de patentes tem 5,4 mil examinadores e 460 mil depósitos anuais, 85 por analista. O europeu tem 3,6 mil técnicos para 150 mil novos pedidos por ano, 41 por examinador. O primeiro concede a patente num prazo médio de 3,5 anos. O segundo, em 4,5 anos.

Já o INPI tem hoje um examinador para cada 110 novos depósitos anuais. O Movimento Empresarial pela Inovação (MEI) pediu ao governo a contratação de pelo menos mais 330 examinadores no curto prazo.

Fonte: O Estado de São Paulo, Jornal da Ciência de Janeiro de 2012)

Brasileiros aumentam pedidos de patentes no exterior

Os depósitos de patentes de empresas e pesquisadores brasileiros no exterior pelo sistema internacional do Tratado de Cooperação em Patentes (PCT, na sigla em inglês) aumentaram 22,6% em três anos, segundo dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).


Os registros saltaram de 398 em 2007, para 488 em 2010, mas o avanço provavelmente é maior, disse o presidente do INPI, Jorge Ávila. Isso porque o PCT, que ainda não exibe dados de 2011, leva até 30 meses para consignar os pedidos.

O desempenho do Brasil ainda é modesto na comparação com países desenvolvidos como os Estados Unidos (34,8 mil registros em 2010) e emergentes como a China (11,4 mil em 2010). Mas ganha de latino-americanos como Chile (79) e Argentina (18), que não integram o PCT.

Os depósitos de brasileiros feitos diretamente nos Estados Unidos aumentaram 51,4% no mesmo período, somando 568 em 2010. Já no escritório europeu de patentes, os registros brasileiros cresceram 18%, somando 520 no ano retrasado. No Japão, o volume é mais modesto, mas os 82 pedidos de 2010 representam alta de 12,3% ante 2007.

Segundo Ávila, a demanda de pedidos de proteção dos direitos sobre processos e produtos contemplando mercados internacionais vem aumentando desde que o Brasil aderiu à Organização Mundial da Propriedade Intelectual e passou a oferecer o acesso ao PCT por meio do INPI, em 2009. Para ele, é um sinal de que a internacionalização das empresas brasileiras está ampliando o foco da inovação feita aqui.

"A patente é o que garante direitos exclusivos de remuneração sobre um esforço de desenvolvimento. Materializa o conhecimento como valor econômico", explica Ávila. "Se uma tecnologia pode ser combinada com o conhecimento produzido em outros países ou representa chance de vender produtos no mercado global, fica interessante protegê-la em todos os países onde se quer atuar. E o INPI é hoje uma porta para o mundo."

Para o presidente do INPI, apesar das dificuldades da indústria brasileira para exportar e enfrentar a competição de importados no mercado interno, o empresariado passou a ver a inovação como um fator decisivo para a competitividade, para além de câmbio e barreiras tarifárias.

"Na medida em que aumenta o conhecimento sobre o mundo da inovação e o Brasil se integra à economia internacional, oportunidades criadas aqui com potencial de repercussão no mundo passam a ser melhor aproveitadas. Antes, numa economia isolada, as empresas nem pensavam em levar o que criavam para um mercado mais amplo", diz Ávila.

Prazo. Entre janeiro e o início de dezembro de 2011, o INPI recebeu 30.088 pedidos de patentes, alta de 7,2% em relação a 2010. Atualmente, o processo de concessão de patentes do INPI dura entre seis e oito anos. Com o aumento do número de examinadores, Ávila espera reduzir o prazo em dois anos e meio já em 2012.

Outra forma de facilitar negócios é a emissão de uma "opinião preliminar" sobre o objeto do pedido de proteção. O documento, que passará a ser emitido pelo INPI até junho, poderá ser usado em contratos antes mesmo da patente definitiva.

Fonte: O Estado de São Paulo. Jornal da Ciência, 26 de janeiro de 2012.

INPI fecha ano com recorde de pedidos de marcas e patentes

JC e-mail 4413, de 10 de Janeiro de 2012.


INPI fecha ano com recorde de pedidos de marcas e patentes

Os números preliminares de pedidos de registro de marcas e patentes mostram que 2011 foi um ano bom para a inovação brasileira apesar da crise internacional que se agravou no fim do ano. Os indicadores de propriedade intelectual atingiram recordes históricos.

Foram feitos 31.924 pedidos de patentes no ano passado, contra 28.052 solicitados em 2010. Os índices são ainda mais expressivos quando se compara 2011 com 2010. São 152.735 pedidos, ou seja, 23.115 a mais que os registrados no último ano do governo Lula.

"Os índices revelam o bom momento do país, mas também a conscientização da sociedade brasileira sobre a importância da propriedade intelectual", avaliou o presidente do INPI, Jorge Ávila. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) estima que os números ainda devam aumentar. O total de pedidos de patentes depositadas pode chegar a 35 mil. Isso porque os dados dos pedidos feitos pelo sistema PCT, usado para registrar o depósito internacional de patentes, ainda não foram computados.

Para facilitar ainda mais o acesso dos brasileiros ao sistema de patentes, o instituto lançará, em 2012, o sistema e-Patentes, que permitirá o depósito do pedido via internet.

Fonte: Jornal da Ciência, 10 de janeiro de 2012